A cantora Ludmilla deu mais uma prova de que sua integridade e seus princípios valem mais do que qualquer prêmio ou tempo de tela. Nesta semana, a artista tornou-se o centro das manchetes ao recusar formalmente uma homenagem que seria prestada a ela em um dos principais programas do SBT. O motivo é direto e contundente: a manutenção do apresentador Marcão do Povo no quadro de funcionários da emissora. O conflito remonta a 2017, quando o apresentador utilizou o termo pejorativo e racista “macaca” para se referir à Ludmilla durante um programa ao vivo em Brasília.
Mesmo após a vitória de Ludmilla nos tribunais, onde Marcão foi condenado, a cantora expressou sua profunda indignação com o fato de a emissora de Silvio Santos continuar a dar espaço e visibilidade a alguém com tal histórico. Em um vídeo publicado em suas redes sociais, Ludmilla explicou que aceitar uma homenagem de uma instituição que abriga seu agressor seria uma forma de “compactuar com o racismo estrutural”. A decisão foi descrita por ela como uma questão de sobrevivência e respeito a todos os seus ancestrais e fãs negros que sofrem ataques diários.
“Não é sobre ego, é sobre dignidade. Como vou subir no palco de uma emissora para ser aplaudida, sabendo que no corredor ao lado está alguém que me humilhou por causa da cor da minha pele? O racismo não é uma opinião, é um crime, e o silêncio das empresas é cúmplice”, afirmou a cantora.
A postura de Ludmilla gerou um efeito dominó na indústria. Movimentos sociais e outros artistas negros manifestaram apoio irrestrito, pressionando o SBT por um posicionamento mais claro sobre suas políticas de diversidade e inclusão. A emissora, por sua vez, limitou-se a dizer que respeita a decisão da artista, mas não comentou sobre o futuro de Marcão do Povo. O caso de Ludmilla serve como um divisor de águas: ela mostra que artistas de grande porte têm o poder de cobrar responsabilidade social das grandes corporações, transformando sua fama em um escudo contra a impunidade e reforçando que o mercado não pode mais ignorar pautas raciais em nome da audiência.
